38 anos da morte de Alves Redol
escultura de: José Dias Coelho,
o pintor que Zeca Afonso, cantou . . .
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
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Alves Redol
29-12-1911 - 29-11-1969
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>>>> nunca te esqueço <<<< «» imberbe, foi há um ror de anos, tenho sempre presente, parece que foi “amanhã”, Biblioteca da Nazaré, entro, boa noite meus senhores, o sr. Abel sempre presente, na companhia do seu amigo, Alves Redol, corro para as estantes, ouço uma voz, como te chamas… migo, Zé respondi, e eu António, o que vais escolher ? mais um livro do júlio verne, retorqui. Eu posso indicar um ? pode sr. Redol, eu até agradeço, sabes o meu nome? quem não o sabe na Nazaré . . .vais ler estes, lês um pouco de cada, vais gostar da experiência, e senti um estranho estímulo, quando recebi das mãos de Redol, Os Esteiros, do Soeiro Pereira Gomes e Quando os Lobos Uivam, de Aquilino, ouvindo estas palavras, Zé, os lobos não são aqueles que estás a pensar, esses em que pensas, só atacam com a fome, cuidado com os outros com duas pernas, os insaciáveis.
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“ Amigo Redol, encontrei muitos lobos de enormes bocarras … e hoje tenho a capacidade de ler quatro/cinco, livros em simultâneo”
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> uma parte da obra de Redol < «» gaibéus, marés, os avieiros, fanga, anúncio, reisnegros, porto manso, horizonte cerrado, os homens e as sombra, vindima de sangue, olhos de água, a barca dos sete lemos, o cavalo espantado, barranco de cegos, o muro branco,
e,
uma fenda na muralha,
Alves Redol quis ver “in loco”, foi á pesca, no barco do mestre Zé Peixe, caiu uma borrasca, grande tormenta, o tio Zé Peixe tremeu com tamanha responsabilidade de ter a bordo o seu
amigo Redol, quis aproar a Peniche na altura, um porto mais seguro, confrontado Redol apenas disse, mestre sou apenas mais um camarada que está a bordo, vamos para a Nazaré.
O mar da Nazaré, prestou homenagem aos pescadores que engoliu durante séculos, e fez uma MURALHA entre o barco e o areal nazareno, fazendo sentir na pele de Redol, o quanto era desumana a forma como os pescadores ganhavam o seu sustento, mas . . . quem dirigia o barco era um mestre que respeitava o mar, Zé Peixe, esperou, esperou, pelo intervalo das 7 ondas, respeitou o mar, no chamado raso, enquanto o mar se espreguiçava, aproou ao areal, levando Redol a gritar, mestre Zé Peixe, isto é uma autentica fenda na muralha ...
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para Redol
poema de: António Salvado
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barcos sem rios os gaibéus desciam
nas veias do silencio e da revolta
e era a viagem de nenhum regresso
na secura dos lábios renasciam
sementes do granito das origens
ou corações de xisto nas lezírias
distantes da saudade e do exílio
e era a viagem de nenhum regresso
levavam no seu rosto esse destino
em fome e nos seus olhos a tristeza
vivia sangue o pranto que se ouvia
pela noite tão longa do seu canto
( desciam até onde não sabiam
qual a viagem do nenhum regresso )
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poema: António Salvado
texto de: poetaeusou