julho 04, 2012

NAIF(ando) as minhas palavras !



O Mar chamou-me. manhã cedo, após o nascer do Sol.
fui ao seu encontro, percorri a marginal, mergulhando
nas maresias, odores salgados irrigados no vai e vem
das marés, vagas soltas, aspergindo os meu sentidos .
Ao longe vi um vulto. uma mulher trabalhando o peixe,
observando melhor, vi a Ana, a minha amiguinha Ana,
fez-se luz, o João, o meu grande amigo João, quer, do
outro lado da vida transmitir-me algo, quem foi o João ?
um Herói, desapareceu no Mar, esgotado, depois de ter
salvo, seis camaradas, uma grande perda em todos nós,
faz 40 anos, foi ali, bem pertinho da praia, ficou a Ana,
dois filhos menores e uma grande caminhada á sua frente.
Jornadeou sozinha e com golfadas de amor transmitiu
aos filhos e netos os valores da dignidade, do respeito,
da fraternidade, tenacidade e da valorização pessoal !
beijei a minha amiga, o seu beijo cheirava a mar, a João …
Ana vai chover, está frio, não careces assim tanto, disse-lhe,
careço sim, Zé, necessito para os meu netos, tu sabes que
a minha neta está na Faculdade, no terceiro ano, o meu neto
João entrou este ano, o dinheiro vem fazer muito jeito Zé,
no rosto da Ana, de desgostos feito, surgiu um alvo sorriso,
os seus olhos brilharam como a luz do Sol em dias radiosos,
olhar franco, constante, imutável, fitando as ondas, ondas do
Lago das Viúvas, fixem o nome, o Lago das Viúvas . . .
Recordei o João e sei que a Ana sentia-o no seu belo olhar,
Ana continua com essa força, disse-lhe, pensa nos netos,
sabes que sim, eles são “o futuro das saudades que sinto”
amiga, eles vão agradecer-te com positivas notas, acredito.
dei-lhe um beijo de despedida elogiando o seu dinamismo,
Ana, se necessitares, conta comigo, só a tua amizade, disse,
retomei a minha caminhada, de viés notei que a Ana fitava o
Mar, naquela utópica esperança de cair nos braços do João,
já um pouco afastado, num extasiar de alegria a Ana vozeou,
á Zé, não sabia que era tão fácil aprender a ser DOUTOR ,
delineei um sorriso, mirei o Mar, piscando um olho ao JOÃO !
texto - poetaeusou
fotos-alb. A. Laborinho

20 comentários:

Filó disse...

Que comoventes e bonitas palavras, nesta prosa saborosa, sobre as dores e alegrias das GENTES da Nazaré, que tanto amas....Tua alma é assim...NOBRE de tão sensível...

Lindo Poeta,

Um Beijinho

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Que belo reencontro, que saudade tão linda, tão profundamente sentida e compartilhada.
Admirável, poeta!

Um abraço,
da Lúcia

Agulheta disse...

Amigo poeta! Belo encontro com a vida real nesta prosa que mostra valores e dignidade de quem trabalha.É bonito ver alguém que sem o seu amor,pensa seguir em frente para ajudar os netos.Mas como o nosso país se fazem Dr,num estalar de dedos,outros queimam pestanas?
Beijinhos deixo

Sol disse...

o mar inspira e acolhe até dores silenciosas..

saudadeeee!!

bjs.Sol

poetaeusou . . . disse...

*
Filó
,
querida amiga
senti as tuas palavras,
obrigado,
nobres conchinhas,
deixo,
*

poetaeusou . . . disse...

*
Lúcia Bezerra Paiva
,
Feliz fiquei,
com a tua visita,
gratificado me sinto,
,
Poéticas conchinhas,
envio-te,
*

poetaeusou . . . disse...

*
Agulheta
,
Amiga
tens toda a razão, neste País
quem cultiva certos valores,
não é considerado urbano,
não passa de um rústico, no mínimo !
,
valoradas conchinhas,
ticam,
*

poetaeusou . . . disse...

*
Solange,
Minha amiga,
ofereço-te,
,
reabro o mar,
rasgando nas vagas
as espumas cativas
das paradas marés,
busco no mar,
o meu reencontro
com os rumos esquecidos
na carta dos ventos,
regaços esculpidos
na fúria dos tempos !
,
marés de conchinhas,
ficam,
*

Unknown disse...

Bom dia amigo
Um texto de encantar.Aqui permeiam a dor e a saudade, o mar e as ondas no seu falar.

Hoje não é difícil ser doutor se quiserem trabalhar e dar provas desse grau académico.
Cada ano vem vindo "canudos" a mais e pessoas a menos.

Doutor ainda se entende o médico que sabe e que cura, que ouve e aconselha que vive o evangelho do amor.

poetaeusou . . . disse...

*
Luís Coelho
,
bom dia, companheiro virtual,
destas estradas, que eu amo !
,
as tuas palavras profundas, sublimes,
fizeram sorrir, por serem a verdade
nua e crua, quer o Dr. João Semana
(As Pupilas do Senhor Reitor, Júlio Dinis)
Quer o Dr. Fernando Namora,
(Retalhos da Vida de um Médico-Namora-)
E para que conste, adendo, Ary dos Santos !
>>>>>>>
Serras, veredas, atalhos,
Estradas e fragas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento
Retalhos fundos nos rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
Retalha as caras fechadas
O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão
As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São lágrimas que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade
Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina
Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não segura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura.
,
(Ah, os Barões da Medicina . . .)
,
Saudações Distritais,
deixo,
*

helia disse...

Que linda Prosa, uma Prosa poética sobre a Nazaré e as suas gentes !

MEU DOCE AMOR disse...

Olá:
Temos que cultivar esses valores,passá-los para a geração seguinte.Um belo texto.

vamos lá sorrir, sim?
Não foste lá ver?Nem deixaste um comentário?

Beijinho doce,esperando....

Isamar disse...

Excelentes fotografias da sempre bela Nazaré.Quanto ao texto, perpassado de emoções não me sobram palavras para o comentar. É a vida do mar e as suas inexoráveis leis. A Ana , uma mulher, mãe, avó-coragem merece o nosso louvor.Hoje e sempre!

Bem-hajas, amigo!

Abraço fraterno

poetaeusou . . . disse...

*
Hélia
,
As minhas redes lancei com confiança
Colhi só desilusões no mar ruím
Perdi o leme da esperança
Eu não sei remar assim
Senhora da Nazaré rogai por mim !
,
In-meu imaginário
,
conchinhas,
deixo,
*

poetaeusou . . . disse...

*
MEU DOCE AMOR
,
Linda,
sorri á pouco,
nas ondas do teu sorriso !
,
sorridentes conchinhas,
*

poetaeusou . . . disse...

*
Isamar
,
Faz “tanto” tempo . . .
com a tua visita, mitiguei as saudades,
,
Dancemos com fé
que o vira não cansa
pois na Nazaré
o vira é dança
Nazaré sem vira
é amor sem ciúme
é pura mentira
é fogo sem lume !
,
Um mar de conchinhas,
Ficam,
*

Céci disse...

Olá Amigo Poetaeusou,

Sempre achei graça a este teu nome ((*_~))!

Venho agradecer a sempre simpática visita ao meu cantinho, sinto-me uma amiga desnaturada, mas nao tenho andado muito pelos blogues, quando venho escrever e que dou um saltinho ao cantinho dos amigos, mas nao comento, acho que a inspiração fugiu de mim :( mas não podia deixar devir dar um bjinho pelas tuas amaveis e bonitas palavras.

Bjinho Amigo Poetaeusou ((*_*))

Maria Emilia Moreira disse...

As suas fotos são uma maravilha. O texto é um pedaço de vida- real, dura,difícil...
Não sei se para o comum dos mortais é fácil ser doutor.No meu tempo de estudante a licenciatura era de 5 anos fora o estágio feito depois.
Pelo que oiço agora basta 1 ano a certos iluminados para ficarem doutores!!!
Um abraço.
M. Emília

poetaeusou . . . disse...

*
Céci
,
Minha amiga,
,
Poetaeusou . . . com (. . .) srsrsr,
Agradeço a tua visita,
fiquei feliz
e
felizes conchinhas, deixo-te,
*

poetaeusou . . . disse...

*
Maria Emília Moreira
,
amiga
E Mateus, V:3, escreveu
Bem-Aventurados os pobres de espírito,
porque deles é o Reino dos Céus . . .
,
não duvido, porque, certamente,
no Reino da Terra, lugar disponível,
não têm, não !
,
um reino de conchinhas,
deixo,
*