julho 29, 2012

e sem portagens . . . amar !

stops que não mereço
o esmeraldino arvoredo

são vermelhos
os teus olhares
stops que não mereço
e que me faz ruborizar,
eu sei que a imagem,
não válida, á primeira vista,  
obriga a auto-defesa,
mas, é belo o seu contrário,
quem ama,
não confronta, entrega-se . . .
no rio da reciprocidade
os tons escarlates, omitindo,
procurando, os serenos verdes
nas margens da esperança,
ah, como acalma contemplar
o esmeraldino arvoredo
onde o rio em segredo
desliza com placidez
gemendo de quando em vez
num murmurar de dor,
procurem (diz) a ponte do amor
e sem portagens . . . amar !
poema e fotos:poetaeusou

julho 24, 2012

redes ardidas no tempo . . .

malhas feitas sacrifícios

no areal da memória
há poemas desumanos
fantasmas da nostalgia
dos ventos fortes da dor,
há enredos voadores
asas prenhes de ilusões
espelhos que nos iludem
encastoados de sonhos,
há brisas de incerteza
nas labaredas de sombras
iluminando os espectros,
malhas feitas sacrifícios
redes ardidas no tempo
em queimados artifícios .
poema e fotos:poetaeusou

julho 16, 2012

teus, teus, teus . . .

noivavam a noite

se eu fosse alado
voava os teus sonhos
para satisfazer
todos os teus desejos,
minhas asas rasavam
teus olhos carentes
tentando descobrir
os teus horizontes,
ai, se tu me atingisses
com a seta matreira,
cúpida mulher,
no alvo que eu sou,
os teus e meus braços
ao luar cingidos,
noivavam a noite
ao som do marulho,
núpcias abarcadas
em lençóis de mel !
poema e fotos:poetaeusou

julho 11, 2012

Sol, dá-me a tua vitamina D . . .

quero gaivotar
na fogueira, que me acalma !
quero gaivotar
no fogo que me alimenta
labaredas excitadas
afagando os meus instintos,
queimar-me-ei
no agoiro dos teus olhos
bruxedos de sofreguidão
enfeitiçando os sentidos,
dá-me o calor
do suor da tua pele
chuveiro de poros ardentes
dedos ateando brasas
na fogueira, que me acalma !
palavras e fotos:poetaeusou.

julho 07, 2012

nas ruas vestidas

braçadas do destino
troncos de raizes eunucas

sofro,
nas ruas vestidas
de um povo desnudo
acamando indignações
no leito das folhas findas,
canto,
um grito amargurado
nas braçadas do destino
troncos de raízes eunucas
esterilizando a esperança,
geminarei
nos folhedos do provir
botões de ramas sem joio,
searas de côdeas puras
livres de falsos profetas
e fazedores de propósitos,
que algemam as primaveras !
poema e fotos:poetaeusou

julho 04, 2012

NAIF(ando) as minhas palavras !



O Mar chamou-me. manhã cedo, após o nascer do Sol.
fui ao seu encontro, percorri a marginal, mergulhando
nas maresias, odores salgados irrigados no vai e vem
das marés, vagas soltas, aspergindo os meu sentidos .
Ao longe vi um vulto. uma mulher trabalhando o peixe,
observando melhor, vi a Ana, a minha amiguinha Ana,
fez-se luz, o João, o meu grande amigo João, quer, do
outro lado da vida transmitir-me algo, quem foi o João ?
um Herói, desapareceu no Mar, esgotado, depois de ter
salvo, seis camaradas, uma grande perda em todos nós,
faz 40 anos, foi ali, bem pertinho da praia, ficou a Ana,
dois filhos menores e uma grande caminhada á sua frente.
Jornadeou sozinha e com golfadas de amor transmitiu
aos filhos e netos os valores da dignidade, do respeito,
da fraternidade, tenacidade e da valorização pessoal !
beijei a minha amiga, o seu beijo cheirava a mar, a João …
Ana vai chover, está frio, não careces assim tanto, disse-lhe,
careço sim, Zé, necessito para os meu netos, tu sabes que
a minha neta está na Faculdade, no terceiro ano, o meu neto
João entrou este ano, o dinheiro vem fazer muito jeito Zé,
no rosto da Ana, de desgostos feito, surgiu um alvo sorriso,
os seus olhos brilharam como a luz do Sol em dias radiosos,
olhar franco, constante, imutável, fitando as ondas, ondas do
Lago das Viúvas, fixem o nome, o Lago das Viúvas . . .
Recordei o João e sei que a Ana sentia-o no seu belo olhar,
Ana continua com essa força, disse-lhe, pensa nos netos,
sabes que sim, eles são “o futuro das saudades que sinto”
amiga, eles vão agradecer-te com positivas notas, acredito.
dei-lhe um beijo de despedida elogiando o seu dinamismo,
Ana, se necessitares, conta comigo, só a tua amizade, disse,
retomei a minha caminhada, de viés notei que a Ana fitava o
Mar, naquela utópica esperança de cair nos braços do João,
já um pouco afastado, num extasiar de alegria a Ana vozeou,
á Zé, não sabia que era tão fácil aprender a ser DOUTOR ,
delineei um sorriso, mirei o Mar, piscando um olho ao JOÃO !
texto - poetaeusou
fotos-alb. A. Laborinho